Chevrolet Camaro: motorzão V8 ajudou piloto a cumprir volta em Interlagos em 1min59seg
Essa não é a primeira vez que a equipe da revista Fullpower (colaboradora de UOL Carros) leva um modelo de quase R$ 200 mil para a pista brasileira da Fórmula 1. Antes do Camaro, o Volkswagen Passat CC, um seis bocas com tração nas quatro, mandou bem nos mais de 4,3 km da pista e cravou 2min07seg273 -- quase três segundos mais rápido que o Honda Civic Si, carro a segurar a ponta do ranking da revista por mais tempo.
Enquanto a Fullpower se preparava para as três voltas no Camarão, as apostas ficavam na média de 2min5seg, para garantir o primeiro lugar no ranking, superando o próprio sedã VW importado e o Mini Cooper Works, azarado por andar na pista úmida.
Bastou apontar com o BumbleBee nos boxes da pista para ter as chaves tomadas da minha mão. Além de nossa curiosidade de saber como rende esse carro de rua na pista, Roberto Manzini, do Centro Pilotagem Manzini, estava louco para acelerar entre seus rápidos pilotos e alunos. Na saída dos boxes, onde deveria estar com o pé colado para ganhar a reta oposta, Betão parou, desligou o controle de tração e de estabilidade e arrancou borrachando para valer. A barca "amarelo-ovo-tapa-na-cara-
Ao acionar as borboletas atrás do volante para reduzir as marchas, o Transformer mandou uma mensagem, pela tela do computador de bordo, para o piloto: "Essa redução não pode ser feita". Beto começou a perder a tangência, mas pendurou o Camarão rapidinho, cravou o pé no acelerador e contornou mais forte do que deveria. Bom, pois continuamos nos divertindo, sem sustos ou saídas do traçado.
Dois momentos do Chevrolet Camaro na pista; modelo da marca americana deu duas voltas em que cravou "dois duro", mas o melhor tempo ficou ainda abaixo disso; na foto acima, o modelo está na pista do ECPA, em Piracicaba (SP), e nas demais corre em Interlagos
Os discos de freio das quatro rodas sentiram a primeira frenagem forte e o câmbio realmente não concorda com algumas reduções radicais. Simplesmente envia a mensagem de que não reduzirá e você que se vire na pista. Lembre-se: o Camaro é um automóvel de rua e não um bólido de corrida.
Com seu coração anabolizado V8 6,2 litros de 406 cv e 56 kgfm de torque, sobra força e as retas acabam rapidamente. Fazia tempo que não chegava na reta dos boxes, esperando a freada do S do Senna, perto de 220 km/h. Beto tentou reduzir de novo, numa frenagem mais longa e retardando a redução de marcha no automático de seis velocidades. Dessa vez, conseguiu enfiar quarta e terceira para contornar com perfeição. Fiquei de olho para tentar fazer igual (ou parecido) ao assumir o volante em nome da Fullpower. Apos três voltas, o fluido de freio fervia e os discos soltavam fumaça. Achamos melhor esperar tudo esfriar para cair para a pista novamente.
Um gole de água aqui, um papo rápido dali -- e tome pé embaixo novamente! Deixei os boxes antes de começar a chover, pronto para começar nossas três voltas rápidas. Baseado no que vi Manzini fazendo, achei que entenderia o funcionamento do câmbio. Mais ou menos.
Ao abrir a primeira volta, vim "flat de quinta" (ou com o pé colado no assoalho) para tomar o S do Senna. Montado no freio, tentei chamar as marchas nos botões do lado esquerdo, atrás do volante. Todo mundo tinha saído para passear. Apertei ainda mais o pedal: os freios seguraram a onda sozinhos, evitaram a saída da pista, mas perdi a tangência ideal. Contornei a primeira perna um pouco errado mas na segunda fiz forte, escorregando para a zebra ao final da Curva do Sol. Estava com os controles de estabilidade e tração desligados também. Deu um pouco de insegurança, mas cravei o pé no acelerador crente que dali sairia um tempo bom.
SE VIRA!
Final da reta oposta, rasgando a 210 km/h, 215 km/h... Hora de outra freada hardcore. Tomei pau do câmbio de novo: numa fração de segundo, li a mensagem em letras azuis "Não é possível realizar essa redução". Em outras palavras, estava escrito "Se vira, amigão, você está abusando". Minha vontade era responder a mensagem para os sensores e centrais que não me obedeciam. Como não tinha alternativa, tome eu atravessando: escorrega de traseira, escapa de frente, mas de novo, sem sair da pista. Na dúvida, acelerei mais forte ainda.
Fui para o Laranjinha, Bico de pato, Mergulho, tudo no apetite. Na Junção, redução radical e pé cravado para encher com força nas retas dos boxes. Cruzei a linha de chegada bem: 2 minutos (ou "dois duro", como diriam os ratos de boxes), segundo o cronômetro do editor e fotógrafo Johnny Mantovas, também conhecido como João Mantovani. Foi um temporal para esse peso-pesado!
Tentei consertar a tocada para a segunda volta. Algumas curvas me obrigaram a abusar dos freios novamente, outras consegui redução nas horas desejadas. Cravei o belo 1min59seg, melhor tempo já aferido pela Fullpower nessa prova. Mais concentrado e com menos freio, a terceira volta piorou o brinquedo. Estampei dois duro de novo. Cá entre nós, um tempo incrível para um carro muito pesado e estiloso que não se propõe a ir para a pista.
Uma recomendação: se você tem um Camaro e vai encarar um track-day ou algo do tipo, coloque um fluido de freio que aguente frenagens seguidas sem ferver e, se possível, instale discos de freios maiores, perfurados, ventilados, slotados. Tanto peso realmente fará o conjunto aquecer rapidamente...
Eduardo Bernasconi é diretor da revista Fullpower, onde este texto foi publicado originalmente na edição nº 116
Fonte: http://carros.uol.com.br/ultnot/fullpower/2012/01/17/camaro-detona-em-interlagos-e-crava-melhor-volta-da-fullpower.jhtm
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